Vocês assistem pornô? Juntos?

Falar sobre pornografia dentro de um relacionamento pode ser um assunto delicado e muitas vezes evitado, criando um véu de segredo em torno desse tema. Alguns casais encaram a pornografia como um tabu tão desconfortável que se torna proibido até mencioná-la ou expressar desejos relacionados a ela. Isso leva a uma dinâmica em que homens e mulheres preferem ignorar sua existência, tratando-a como algo clandestino que só pode ser explorado em segredo, longe dos olhos alheios.

A situação se complica quando um dos parceiros enxerga a pornografia como um sintoma negativo de uma relação desgastada, monótona e sem paixão. A simples busca de prazer através desse tipo de entretenimento é interpretada como um sinal de que o interesse sexual se esvaiu por completo. Mas será que essa visão catastrófica é a única maneira de entender a pornografia?

Diálogo é fundamental.

De acordo com especialistas em educação sexual e comportamento, os filmes eróticos e explícitos têm o potencial de melhorar a relação de um casal. No entanto, antes de qualquer decisão, é crucial que haja diálogo aberto e sincero. Ambos os parceiros precisam se sentir confortáveis com a ideia e discutir seus receios e desejos. Através da comunicação, é possível resolver conflitos e entender as necessidades de cada um.

A psicanalista Cristiane Maluf Martin ressalta que muitas vezes os casais têm dificuldade em falar sobre suas fantasias e desejos sexuais, por receio da reação do outro. Isso cria um tabu em torno do sexo dentro do relacionamento, levando à falta de comunicação. Quando os parceiros não conseguem expressar seus desejos, podem acabar se sentindo distantes um do outro.

Da insegurança à motivação!

Amanda S. enfrentou dificuldades para aceitar a pornografia dentro de seu relacionamento. Ela e seu namorado, que estavam juntos há quase dois anos, haviam discutido sobre o hábito dele de compartilhar vídeos com amigos em grupos de mensagens. Para Amanda, esses vídeos apenas a deixavam desconfortável, então ela evitava assistir qualquer coisa com seu parceiro.

Amanda tinha uma visão negativa sobre pornografia, acreditando que invadia momentos íntimos entre casais e gerava insegurança. Ela se sentia inferior às mulheres nos filmes e temia que seu namorado sentisse prazer por elas, não por ela. Essa insegurança é comum, já que muitas pessoas veem a pornografia como algo artificial, levando à comparação com a realidade.

A psicóloga Cris Borges destaca que a pornografia pode afetar a autoestima, mas é importante lembrar que os filmes retratam fantasias, enquanto você é real. Para contornar essa insegurança, é essencial ter diálogo e separar fantasia da realidade.

Amanda, por conta própria, começou a explorar a pornografia, descobrindo que poderia ser um complemento para o prazer sem comprometer a relação. Surpreendentemente, isso a ajudou a se sentir mais segura e a melhorar sua autoestima. Ela e seu namorado agora assistem juntos, aproveitando essa nova dinâmica em sua vida sexual.

Espaços devem ser respeitados…

Para iniciar uma conversa sobre pornografia no relacionamento, é fundamental que o casal mantenha uma comunicação aberta e respeitosa, sem impor desejos um ao outro. Se ambos estão confortáveis em compartilhar essa fantasia, ótimo. Mas se não, está tudo bem também. Não existe uma fórmula única para a sexualidade perfeita, e não é necessário incluir pornografia obrigatoriamente na vida a dois.

É importante estar atento ao papel que a pornografia está desempenhando na intimidade do casal. Se ela se torna necessária para estimular ambos antes do sexo, é hora de refletir. O distanciamento entre os parceiros pode indicar que algo não está certo, já que um estímulo externo está substituindo a excitação natural.

A psicanalista Cristiane Maluf destaca que há uma linha tênue entre o uso saudável da pornografia e o vício, especialmente para os homens, que são mais visuais. É essencial discutir e refletir sobre como a pornografia está afetando a relação, para entender se está trazendo benefícios ou prejudicando o casal.